2) Qual é o propósito? O propósito é o de ganhar dinheiro sem ter que trabalhar por ele. Mas, o trabalho é a fonte de alegria e satisfação ao desfrutar os bens adquiridos. O Pregador escreveu: “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir,” Eclesiastes 5:12. O trabalho é uma benção, e é o meio ordenado por Deus para ganhar a pão de cada dia, 2 Tessalonicenses 3:10-12. É por isso que o trabalho é parte integral da vida cristã, como vemos em Efésios 4:28, “aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha que repartir com o que tiver necessidade”. Muitas vezes a aspiração à “justiça social” não passa de uma inveja disfarçada; é o grito de quem quer ter os bens que ele mesmo condena nos outros. Se você joga na loteria, então não me fale dos males do capitalismo.
3) Que é, na essência, o que o jogador faz? Ele faz sacrifícios a um ídolo, na esperança de que algum dia esse “deus” lhe seja favorável, concedendo-lhe as riquezas desejadas. Mas a Bíblia é bem clara: a idolatria nunca pode combinar com o serviço de Deus. Jesus mesmo disse: “Nenhum servo pode servir dois senhores. Não podeis, servir a Deus e as riquezas”, Lucas 16:13. Deus não quer que vivamos como pobres, mas quer nos ensinar que a riqueza verdadeira não depende dos bens materiais. Este conceito errado é corrigido pelo próprio Senhor em duas das sete mensagens às igrejas em Apocalipse 2 e 3. À Esmirna, diz: “Eu conheço... a tua pobreza (mas tu és rico).” A Laodicéia, diz: “Como dizes, rico sou, e estou enriquecido, e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;” Ap. 2:9 e 3:17. Embora os bens materiais não sejam maus em si, eles são um perigo por causa da tendência humana à idolatria, e chegam a ser um estorvo à procura das verdadeiras riquezas, espirituais. Pode o crente ter sua esperança em Deus e na loteria ao mesmo tempo? Veja Tiago 2:5.
4) Em quem o jogador tem a sua esperança? Não em Deus, mas sim, na sorte, embora alguns que temos encontrado peçam a benção de Deus para seus bilhetes da loteria. Falam em tom religioso dizendo que, talvez um dia, Deus os tire da miséria quando lhes tocar a “sorte grande”. Mas, fica bem claro que o apóstolo Paulo tinha uma esperança bem diferente desta, pois escreveu aos crentes de Éfeso, “...o Deus do nosso Senhor Jesus Cristo... vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos”, Efésios 1:17,18. Notemos algumas coisas sobre o jogador da loteria. Primeiro, ele não é pobre a ponto de não poder comprar os bilhetes da loteria. Segundo, como é que o jogador pode pedir a benção de Deus sobre coisas tão contrárias à vontade dEle e aos princípios divinos? Finalmente, a Bíblia é clara nas suas indicações. O Senhor, no sermão da montanha ensinou: “Não andeis, pois, inquietos,... (com respeito à comida, à bebida, e à roupa)...vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”, Mateus 6: 31-33. E se algum dia tocar, realmente, a “sorte grande” a um desses fingidores de religiosidade não pensem que é uma benção de Deus, como também não o foi para Balaão quando Deus o deixou continuar no seu rumo da cobiça, Números 22: 19,20. Deixando a fé, “foi traspassado por muitas dores”,1 Tm. 6:10. Afinal, a segurança que a fortuna oferece nada mais é que uma miragem, como o expressa o proverbista: “Não te fadigues para enriqueceres... Porventura fitarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente isso se fará asas e voará aos céus como a águia”, Pv. 23:4,5. Tiago nos lembra da fugacidade dos bens deste mundo, dizendo: “Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, assim se murchará também o rico em seus caminhos”, Tiago 1:11.
5) De onde vem o dinheiro? De todos os que pagam para jogar. Temos encontrado jogadores assíduos na loteria que tem-nos garantido que não estão viciados no jogo. Isto nos parece muito discutível, mas para não complicar o argumento, vamos deixá-lo assim. Mesmo supondo que alguns jogadores controlam-se totalmente e apenas jogam pela diversão, sem um pingo de cobiça, o fato é que os demais jogam por vício e são os contribuintes para o prêmio, que pode ser de qualquer jogador. Não é segredo que este vício tem lançado na miséria muitos indivíduos e às suas famílias. Faz pouco soubemos dum trabalhador que gastava 25% dos seus vencimentos, toda semana, na loteria, assim privando sua família de coisas que precisavam urgentemente. E tem casos piores. Será que existe crente em Cristo que possa embolsar este dinheiro? Quem é que quer invocar o juízo de Deus sobre si mesmo? Em Provérbios 22:22,23, diz assim: “Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem atropeles na porta ao aflito. Porque o Senhor defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam lhes tirará a vida”. Não diga que você não é responsável pelo que os outros fazem. O vício é um pecado, e o pecado é uma escravidão. Embora você nunca tenha ganho um prêmio, ao jogar você tem ajudado a manter uma instituição que escraviza o seu próximo. Isso nos leva à seguinte pergunta:
6) Aonde vai o dinheiro? Não somente a uma instituição prejudicial, mas também serve de armadilha para os que ganham os prêmios. Para grifar isso, vamos citar de novo 1 Tm. 6:9, “Os que querem ser ricos caem em tentação e laço, e em muitas concupiscências (desejos) loucas e nocivas, que afundam os homens na perdição e ruína.” Há alguns anos foi noticiado o caso de um homem, na Inglaterra, que ficou riquíssimo ao ganhar a loteria. Deixou o trabalho e se dedicou aos prazeres, entre eles o de andar de carro veloz. Uma noite descontrolou-se o carro que dirigia, e esmagou-se a beira da estrada. A viúva ficou com o dinheiro, mas confessou preferir muito mais ter ficado com o esposo. Um caso como este, todos condenariam, claro. Mas, mesmo que uma pessoa tenha uma vida longa, com boa saúde, se ela puser o seu coração no dinheiro, não poderá seguir ao Senhor. Você crê verdadeiramente no Filho de Deus? Pois então, “fostes resgatados da vossa vã maneira de viver (que recebestes dos vossos pais), não com coisas corruptíveis, como ouro ou prata, mas sim com o precioso sangue de Cristo”. E você não se importa de por um tropeço diante do seu próximo, pelo qual ele poderá cair nesta vã maneira de viver? É isto o que você faz quando joga na loteria, loto, rifas e semelhantes.
7) Pode a benção de Deus pousar sobre o dinheiro vindo das loterias, rifas, etc.? Por tudo o que temos considerado, a resposta tem que ser, NÃO. Se você ainda retém argumentos a favor destas coisas, é bom que leia Jeremias 17:9-11 (“enganoso é o coração”). Não estamos dizendo que as riquezas não podem ser uma benção; só estamos dizendo que elas não podem ser, nunca, uma benção se adquiridas por meios reprovados por Deus, e que sempre são inferiores a todos os outros dons de Deus, leia 1 Reis 3:5-14. O homem “segundo o coração de Deus” disse: “Mais tenho me alegrado no caminho dos Teus testemunhos, do que com todas as riquezas”, Salmo 119:14. Você não deseja ser uma pessoa segundo o coração de Deus?Além destas sete perguntas feitas, façamos algumas observações. 1) somos responsáveis diante de Deus pela maneira em que usamos o nosso dinheiro. Se é verdade que pertencemos ao Senhor com tudo o que somos e temos, então só podemos ser mordomos (administradores).2) Se é que realmente desejamos seguir a Cristo, é apenas lógico “que vamos querer utilizar os nossos bens no Espírito de Cristo. Lemos, em 2 Coríntios 8:9, “já conheceis a graça do nosso Senhor Jesus, que, sendo rico, por amor a vós fez-se pobre; para que pela Sua pobreza enriquecêsseis”. Na mesma epístola, fica claro como o apóstolo Paulo e seus companheiros, na posição de ministros de Deus, se fizeram “pobres, mas enriquecendo a muitos”, 6:10.
Existe ainda a questão de dois argumentos usados para justificar a participação na loteria: quando o prêmio é usado para benção, por exemplo para ajudar outros; ou quando o produto da loteria ou rifa tem como objetivo uma beneficência, uma entidade de caridade. A resposta para ambos os casos achamos na exortação dada em Pv. 3:5-7: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal”. Destes três versículo nascem sete perguntas a serem aplicadas aos casos: 1. Mostra confiança em Deus?2. Não será que tem base na prudência da carne?3. Tem a aprovação de Deus por inteiro?4. Não trunca o caminho de Deus?5. Não será uma demonstração de pedanteria = que ostenta conhecimento que não tem, diante de Deus?6. Está sujeito ao temor de Deus?7. Distancia-se de toda espécie de mal?Se sujeitarmos os referidos argumentos ao exame destas perguntas, fica bem claro que não podem ficar em pé à luz da Palavra de Deus. Se o crente tiver uma necessidade, seja a sua primeira reação a de pôr isso diante do Senhor, para que Ele supra e também mostre ao crente sua responsabilidade. A fé conta com as possibilidades de Deus, e apresenta-se a Ele como instrumento humano. A falta de fé é manifestada quando nós queremos forçar uma solução ao problema, que, embora pareça prática não é de Deus. Isto podemos ver claramente na vida de Jacó, que recorreu ao engano para salvar o que parecia ser uma causa justa. Este ato influiu na sua vida inteira ao ponto dele dizer, ao final dela, “poucos e maus tem sido os dias da minha vida”, Gênesis 47:9. A fé pode esperar em Deus mesmo quando não houver uma solução à vista. A nossa vocação não muda; temos que endireitar o nosso caminho, e não entortá-lo. Deus odeia a cobiça humana. “O fim não justifica os meios”, Rm. 3:8. Só a incredulidade põe de lado Deus, para prover uma solução segundo a sabedoria humana, e dessa maneira introduz na sociedade males difíceis de serem eliminados. As loterias são uma triste conseqüência do fato de não haver temor de Deus no mundo, e que por isso procuram outros meios de pagar suas dívidas para com os necessitados. Porém, para o crente sempre há um caminho prudente, e que carece da aprovação de Deus.
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