E este texto
foi escrito há uns 50 anos...
A época em
que vivemos poderá ficar conhecida como a Idade do Erotismo. O amor sexual se
tornou uma forma de culto. Entre os homens civilizados, Eros tem mais
adoradores do que qualquer outro deus. Para milhões, o erótico tem substituído
completamente o espiritual.
Os fatores
Não é
difícil determinar como o mundo caiu nesse estado. Fatores contribuintes são as
emissoras de rádio e os aparelhos de som, que podem disseminar uma música de
amor por todo um país em poucos dias; o cinema e a televisão, que proporcionam
a toda uma população a oportunidade de banquetear-se com mulheres sensuais e
jovens soberbos unidos em abraços apaixonados (nas salas de visitas de lares
“cristãos”, aos olhos de crianças inocentes!); menos horas de trabalho e a
multiplicação de máquinas automáticas que resultam no aumento do lazer para
todos.
Juntemos a
tudo isso dezenas de campanhas de propaganda concebidas inteligentemente, que
transformam o sexo em isca não muito bem disfarçada, a fim de atrair
compradores para quase todos os produtos imagináveis; os escritores infames que
consagraram suas vidas à obra de tornar conhecidas as levianas e falsas
nulidades, utilizando personagens que têm carinha de anjo e moral de
prostituta; novelistas sem consciência que alcançam fama duvidosa e enriquecem
à custa da perniciosa ocupação de drenar do esgoto de sua alma podridões
literárias que entretêm as massas. Tudo isso nos mostra como Eros conseguiu
triunfar sobre o mundo civilizado.
Se esse deus
não importunasse os crentes, não haveria razão para inquietar-me com o seu
culto. Um dia, toda a sua fétida sujeira ruirá sobre si mesma, tornando-se um
excelente combustível para o fogo do inferno, uma justa recompensa, fazendo-nos
ter compaixão daqueles que forem engolidos na sua trágica ruína. Se as coisas
fossem diferentes do que realmente são, as lágrimas e o silêncio seriam
melhores do que as palavras. Mas o culto de Eros está afetando seriamente a igreja.
A límpida religião de Cristo, que flui do coração de Deus como um rio
cristalino, está sendo poluída pelas águas sujas que escorrem do altar da
abominação que se vê em todos os outeiros e debaixo de todas as árvores, em
todas as parte de nosso país.
Os crentes
estão sendo influenciados
A influência
desse espírito erótico está sendo percebida em quase todos os círculos
evangélicos. Grande parte da música cantada em certos tipos de reuniões
transpira mais romance do que a voz do Espírito Santo. Cânticos e músicas foram
escritos para despertar a luxúria. Cristo é tratado com uma familiaridade que
revela ignorância completa a respeito do seu caráter. O que predomina não é
mais a reverente intimidade do santo que adora, e sim a impudica familiaridade do
amante carnal.
A ficção
religiosa tem utilizado o sexo para criar interesse em seus leitores,
servindo-se da aparente desculpa de que, entrelaçando o romance erótico com a
religião em uma ficção, o leitor habitual, que não gasta tempo com um livro
puramente religioso, desejará ler a ficção e, assim, conhecerá o evangelho. Não
levando em conta o fato de que os mais modernos romancistas religiosos são
apenas amadores, incapazes de escrever pelo menos uma linha de literatura
realmente boa, o conceito de romances espirituais está errado.
Os impulsos
libidinosos e o doce e profundo estímulo do Espírito Santo são diametralmente
opostos. A noção de que Eros pode servir como um auxilio ao Senhor da glória é
ultrajante. Os filmes “cristãos” que procuram atrair o público com cenas
amorosas em sua propaganda são completamente contrários à religião de Cristo.
Somente os que se acham espiritualmente cegos podem ser enganados.
A moda da
beleza física e de personalidades brilhantes nas produções religiosas é uma
manifestação da influência do sentimento romântico na igreja. O balanço
rítmico, o sorriso inalterável e a voz demasiadamente alegre enganam o
religioso mundano. Ele aprendeu a sua técnica na televisão, mas não o
suficiente para obter sucesso no campo profissional; por isso, ele traz sua
produção ineficiente para o lugar santo, mascateando-a aos cristãos débeis e
mal nutridos, que buscam algo para divertirem-se, enquanto fazem parte da
maioria religiosa popular.
Tempo para
falar
Se a minha
linguagem parece severa, lembrem-se de que não está sendo dirigida a ninguém
pessoalmente. Sinto grande compaixão pelo mundo dos homens perdidos e desejo
que todos venham ao arrependimento. Pelos crentes cujas vigorosas mas errôneas
lideranças têm desviado a igreja moderna do altar de Jeová para o altar do
Erro, sinto amor e compaixão. Quero ser o último a injuriá-los e o primeiro a
per- doá-los, lembrando-me dos meus pecados passados e da minha necessidade de
misericórdia, bem como de minha própria fraqueza e inclinação natural para o
pecado e o erro. A jumenta de Balaão foi usada por Deus para repreender um
profeta. Concluímos disto que Deus não requer perfeição no instrumento que usa
pa-ra admoestar e exortar seu povo.
Quando o
rebanho de Deus está em perigo, o pastor não deve contemplar as estrelas e
meditar sobre temas “inspirativos”. Está moralmente obrigado a pegar suas armas
e a correr para defendê-lo. Quando as circunstâncias exigem, o amor tem de usar
a espada, embora tenha o desejo de enfaixar o coração quebrantado e cuidar do
ferido. Chegou o tempo de o profeta ser ouvido novamente. Durante as últimas
décadas, a timidez disfarçada em humildade tem-se mantido no seu canto,
enquanto a qualidade espiritual da cristandade evangélica tem se tornado pior a
cada ano que passa. Por quanto tempo ainda, Senhor? Por quanto tempo?
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