Retire a pedra de tropeço

Retire a pedra de tropeço
Se o teu olho te escandalizar,arranca-o e lança para longe de ti.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A disciplina que vem do lar

Qual a melhor forma de educar nossas crianças? 
Neste artigo trataremos da disciplina da criança no lar, a partir da mais tenra idade e, como deve ser ela aplicada. Logo se vê que cabe aos pais, no ambiente do lar, a tarefa da disciplina amorosa, coerente e justa da criança. Desde os tempos do Antigo Testamento, Deus designou o lar como a escola básica de formação estrutural dos filhos. Isso é notório, principalmente em Deuteronômio. Veja as seguintes referências: 4.9; 6.4-9; 11.18-19 e 31.12-13. Escolas outras, como sistema de instrução para a criança, como temos em nossos tempos é uma instituição de poucos séculos. 


Os falsos educadores do momento, movidos pelo gás do insano materialismo e do hedonismo maquiavélico, insinuam que disciplinar a criança é violentá-la, pensando eles que sabem mais do que Deus, cuja Palavra adverte aos responsáveis: “Não retires a disciplina da criança”, Pv 23.13. O governo, a sociedade e a igreja falam muito em escola para a população infantil, mas os pais precisam igualmente de escola para corretamente criarem seus filhos, para, como diz a Escritura, criá-los na disciplina do Senhor (Ef 6.4). Sim, a primeira responsabilidade na educação da criança cabe aos pais, e em segundo lugar à igreja e às instituições de ensino.  


Aplicação da disciplina 


Todo ser humano desde o seu nascimento é por natureza incuravelmente rebelde e desobediente. Em momentos favoráveis e propícios e, também dependendo do temperamento da criança, isso pode não parecer geral, mas quanto a índole do ser humano, não há exceção. “Mas o homem vão é falto de entendimento; sim, o homem nasce como a cria do jumento montês”, Jó 11.12. “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras”, Sl 58.3. 


O livro de Gênesis relata que Jacó e Esaú brigaram ainda no ventre da mãe. E você, leitor, quanto a natureza humana hereditária, não é em nada diferente, a não ser que Jesus reine soberano em nossa vida. Disciplina na sua definição geral é um recurso corretivo desagradável que se aplica a alguém, para que se corrija, por estar a comportar-se de forma desagradável, ilícita e desordenada, tendo em vista os princípios da lei moral de Deus. No caso da criança, é em resumo, com amor e bom-senso, fazer a criança obedecer mediante o ensino. 


Como deve ser a disciplina da criança


Ela deve ser primeiramente preventiva. Esta forma de disciplina é relativamente suave, branda, leve, mas sem deixar de ser firme e constante; caso contrário, não produzirá o necessário e benéfico efeito. Caso os pais ou responsáveis diretos não cuidem, com amor e sabedoria, de aplicar a disciplina preventiva na criança, eles terão de aplicar a segunda forma a corretiva, que é pesada, dolorosa e trabalhosa para os pais e para a criança, ao passo que a preventiva não envolve maiores problemas, nem para os pais, nem para a criança. 


Eli, tudo indica, não cuidou da disciplina preventiva de seus filhos e as conseqüências disso foram trágicas para os filhos e para ele (1Sm 3.11-14). É o caso também de Adonias, filho de Davi, que na infância, agia como queria, sem limites fixados por seu pai. Sem a necessária disciplina preventiva, como nos mostra 1 Reis 1.6, Adonias tornou-se arbitrário, desregrado, imoderado, e na velhice de seu pai, ele maquinou usurpar o trono do próprio pai em conluio com outros desordenados com ele. É também o quadro descrito em Provérbios 29.15 a criança absoluta no seu viver e agir, por desconhecer limites que só a correta disciplina estabelece, ante os padrões da ética, da retidão e dos parâmetros estabelecidos na santa Palavra de Deus. 


Disciplina preventiva

A disciplina preventiva é eficaz para os filhos quando estes são bem pequenos. Se a criança já é grandinha, os pais perderam a oportunidade de educá-la segundo os princípios da puericultura. Os pais perdem tal oportunidade por julgarem que a criança torna-se obediente e boazinha por acaso e com o passar do tempo, quando isso é pura ilusão, fruto do dessaber e do despreparo para o casamento e para a criação de filhos. 


Vejamos alguns meios dos mais comuns de disciplina preventiva da criança. Pela fala, conforme a etariedade da criança. Outro meio é o da privação de coisas que a criança gosta, mediante proibição; isto é, negação do uso de coisas não essenciais de que a criança gosta; suspensão de privilégios, de regalias, de concessões etc. Outro meio comum é o de restringir ou limitar, com amor e firmeza, o uso de algo que a criança quer, usa, ou pede etc. 


Disciplina corretiva 


Como já dissemos, quando os pais deixam de aplicar a disciplina preventiva, e, com oração e aconselhamento pastoral, tentam reverter a situação disciplinar da criança, deverão aplicar a disciplina corretiva, da qual vamos citar algumas das suas formas mais simples e mais comuns, dependendo da etariedade e do desenvolvimento mental e da escolarização da criança. Num caso como esse aqui abordado, o ideal é que esses pais, antes freqüentem uma Escola de Pais, que costuma ser seminários de oito dias promovidos por educadores cristãos especializados, sob o patrocínio das igrejas. 


Disciplina corretiva por inversão de comportamento; isto é, levar a criança a fazer o que ela não quer, ou negar o que ela está disposta a fazer. Outra forma ou meio é a correção por terapia. É determinar tarefas devidamente dosadas, controladas, orientadas, explicitadas, e sempre supervisionadas, ora direta, ora indiretamente, pelos pais ou responsáveis. Outra forma é o da correção por remissão. É a remissão julgada necessária, quando a criança é culpada de maus-tratos a outra criança. 


Correção por castigo corporal. Esta forma de disciplina corretiva deve ser firme, mas não férrea, nem agressiva, e muito menos punitiva. Punição aplica-se a delinqüentes, e não a filhos. Outrossim, esta forma de correção deve ser explicitada, coerente e transparente. 


A correta disciplina 


Se a disciplina for aplicada devidamente dosada, com amor, bom-senso, no momento certo, com equidade, imparcialidade, não por sentimentalismo, ira ou espírito vingativo, ela sempre produzirá o bom efeito desejado, sadio e duradouro. A disciplina como estamos esboçando neste artigo, é concernente à primeira, segunda e terceira infâncias (isto é, até aos 2 anos; de 3 a 5 anos; e de 6 aos 10/11 anos). Disciplina além dessa idade é matéria para outro artigo, orientando os pais a freqüentarem uma Escola de Pais. 


Os pais nunca devem esquecer que amor aos filhos sem disciplina, não é amor real; é falso; é fantasia; é sentimentalismo, em que os pais confundem sentimento com amor virtuoso. Por outro lado, disciplinar os filhos sem amor, é negativo, é desumano, é tirania, é autoritarismo e só produzirá efeitos contrários aos esperados, causando danos irreparáveis à alma da criança, bem como à sua estrutura psicológica. 


Certamente os pais, bem como os futuros pais, observaram que disciplinar no sentido correto não é primeiro bater, aplicar castigo, surrar, espancar. Quando isso acontece é porque os pais não disciplinaram a criança como aqui esboçado; isto é, no devido tempo, através da disciplina preventiva. 


“E na verdade, toda correção ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”, Hb 12.11. 


O supermimo e suas conseqüências 


Se a ausência de disciplina na educação dos filhos traz graves conseqüências, o excesso de mimo também não é indicado para que a criança chegue à idade adulta com o amadurecimento saudável dentro dos parâmetros psicossociais. 


O supermimo dos pais pela criança pode gerar nesta, desajustes sociais com conseqüências pelo resto da vida. A criança supermimada é muito menos criativa que as demais crianças e defronta-se com sérios problemas no seu processo de amadurecimento afetivo, além das dificuldades na formação e estruturação da sua personalidade. 


A criança supermimada não nasce assim; é que ela encontra à sua volta, da parte dos pais, avós e demais membros da família todo um ambiente propício e favorável que conduz a isso. Portanto, pense duas vezes antes de ceder às exigências contínuas e descabidas de seu filhinho. Do contrário, ele pode tornar-se irremediavelmente imaturo, egoísta, dominante e despreparado para a vida que um dia não muito distante ele terá que vivê-la sob sua própria direção. 


Examinemos novamente o exemplo de Adonias, filho de Davi e irmão de Salomão. Pelo que vemos em 1 Reis 1.5-7, Davi sempre fez todas as suas vontades, ou a sua mãe Hagite, ou os dois. Não sabemos. A verdade é que nunca controlaram o menino Adonias, levando-o assim a ter uma natureza indisciplinada, irreverente e desenfreada. O supermimo estraga a criança, mas é preciso que os pais não tomem o outro extremo: o da ausência de amor, carinho, cuidado, tolerância, paciência e compreensão, inclusive quando a criança falha nos seus esforços para, à sua maneira, superar os obstáculos com que se depara.

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