Retire a pedra de tropeço

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Se o teu olho te escandalizar,arranca-o e lança para longe de ti.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

JESUS OU "YAHOSHUAH"




Nomes próprios não se traduzem?

Essa "tradução" é questionada, com o argumento de que nomes não se devem traduzir, mas sim transliterar. 

Lembrando que tradução é simplesmente a transposição de uma composição literária de uma língua para outra. Já a transliteração é a versão das letras de um texto em certa língua para as letras correspondentes de outra língua, isto é, fazer corresponder letras que tenham o mesmo som. Este procedimento é interessante e correto, e por vezes é utilizado nas traduções da Bíblia.

Mas mesmo este argumento pode ser questionado. Por exemplo, não deveríamos chamar Deus de Deus, e sim de Yhvh (como é que se pronuncia isso?), que é uma transliteração do tetragrama hebraico. A substituição por Adonay, porém, fez com que a pronúncia de Yhvh se perdesse no tempo, e o que conhecemos hoje por Jeová é também uma tentativa de traduzir este vocábulo, mas não significa que está correto também.

Neste ponto, muitos estão se perguntando qual seria a tradução correta do nome Yehôshua ou Yeshua para a língua portuguesa? Na realidade nomes próprios "geralmente" não se traduzem, mas se transliteram conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros que levam a letra w wav, "v" em hebraico aparecem como Eua, Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra b beta b na antiguidade", hoje é v. Hoje se escreve Dabid para David e Eba para Eva.

Não se traduz Bill Gates (do inglês) para Guilherme Portões em português. Também não se traduz Michael Jackson para Miguel Filho de Jacó. Também é errado simplesmente escrever um nome em português da forma como ouvimos em inglês: "Maicou Djéquisson", por exemplo, seria uma esquisitice sem tamanho! O nome deve ser mantido na forma como se escreve no original e, na medida do possível, deve-se manter a pronúncia da língua original.


Exceções à Regra

Então isto significa que quando formos escrever o nome do Salvador devemos simplesmente escrever Yeshuah? É lógico que não! Quando a língua original do nome próprio usar um conjunto de caracteres diferente do nosso, então se processa o que chamamos de transliteração. 

Transliteração, como vimos acima, é a "tradução" letra por letra (ou fonema por fonema) de um conjunto de caracteres para outro. Idiomas como o inglês, espanhol, francês e italiano usam o mesmo conjunto de caracteres que o português (A, B, C, D etc...), portanto não há transliteração entre palavras destes idiomas; mas idiomas como o hebraico, árabe, japonês e grego usam outros conjuntos de caracteres. Nestes casos utilizamos a transliteração para podermos representar em nosso conjunto de caracteres nomes próprios escritos originalmente em outro conjunto de caracteres.

As regras de transliteração não são complicadas. Vamos tomar como exemplo o conjunto de caracteres gregos: a (alfa), ß (beta), ? (gama), d (delta), e assim por diante. Numa transliteração de nomes escritos com caracteres gregos, cada letra grega é substituída por uma letra do conjunto de caracteres latinos. Por exemplo, a letra a (alfa) seria transliterada para a letra "A", a letra ß (beta) seria transliterada para a letra B, e assim por diante. 

Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. Como já dissemos, nome próprio geralmente não se traduz; mas às vezes, sim. E o nosso maior exemplo vem justamente da Bíblia Sagrada. Foi o que aconteceu com Simão, a quem Jesus disse: "O seu nome é Simão... de agora em diante o seu nome será Cefas (que quer dizer Pedro)" (João 1.42). Cefas é palavra aramaica que quer dizer "pedra". Pedro é em grego Petros, que quer dizer "pedra". E esse nome, resultado de tradução e não de transliteração, foi o que se tornou mais comum, e baseado nele foi que Jesus construiu o trocadilho registrado em Mateus 16.18.


Exemplos clássicos: 

João - O nome "João", por exemplo é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em inglês; Jean, em francês; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; Johannes, em alemão. 

Jacó - Jacó, em hebraico é Yaakov; Iakobo (Tiago), em grego; Jacques, em francês; Giácomo, em italiano; Jacob, em inglês. 

Todavia, há nomes que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eliazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elisabete é a forma hebraica do nome grego Isabel.

O argumento, portanto, de que todo nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas é inconsistente, sem apoio bíblico.

Daí notamos que o nome "Jesus" é resultado da transliteração pura e simples do original grego Iesous (pronuncia-se Iesus), contradizendo a hipótese de que o nome "Jesus" originou-se através de uma tentativa mal intencionada dos papas de blasfemar do nome do Salvador.

Para definitivamente remover qualquer dúvida sobre o assunto, basta consultar a versão Septuaginta (LXX), uma tradução do Velho Testamento feita por setenta (?) mestres judeus no segundo século antes de Cristo. Eles traduziram o Velho Testamento do hebraico para o grego a fim de atingir os judeus da dispersão (lembre-se que o grego era a língua mais falada no império Romano). Nesta versão o nome de Josué, que em hebraico se escreve Yehôshua', ou em sua forma abreviada Yeshuah, foi transliterado para o grego exatamente da mesma forma que o nome de Jesus no Novo Testamento.


Trecho do Livro de Josué 1:10-12 na Septuaginta

Os sábios judeus transliteraram a letra hebraica ? (shin) para a letra grega s (sigma). A transliteração de "shin" para "sigma" foi feita em outros casos. Veja a tabela abaixo:

NOME EM PORTUGUÊS NO HEBRAICO
TRANSLITERAÇÃO NA LXX
TRANSLITERAÇÃO PARA CARACTERES LATINOS
Esaú (`Esav)
esan
Esau
Sete (Shen)
shq
Seth
Moisés (Mosheh)
mwushs
Moises
Isaías (Yeshayah)
hsaias
Esaias
Oséias (Howshea)
wshe
Hosee


É importante ressaltar que na transliteração de um conjunto de caracteres para outro, nem sempre a pronúncia original é mantida. Isto ocorre porque nem todos os fonemas de um idioma têm representação gráfica e podem ser devidamente pronunciados em outro idioma.

Da análise destes fatos concluímos que a forma Iesus ou Jesus é totalmente adequada para nos referirmos ao nosso Salvador e nada há de blasfêmia colocada por Jerônimo. Até hoje existem palavras em português que não tem tradução em Inglês. Por exemplo as palavras: saudade, feijoada, brigadeiro, salgado, corte de carne etc... precisam ser parafraseadas em inglês.

Finalmente, o Movimento do Nome Yehoshuah tem uma antropologia distorcida. Na Bíblia, o nome é como um sinônimo da própria pessoa. A pessoa é o que é, e não deixa de o ser se seu nome for traduzido ou transliterado para outra língua. Saulo de Tarso não mudou quando foi chamado de Paulo. Simão não deixou de ser o que era quando foi chamado por Jesus de Pedro. Ademais, o nome Josué (equivalente hebraico do nome Jesus - o Novo Testamento grego não distingue entre Josué e Jesus) aparece como Jeshua cerca de 29 vezes nos livros de Crônicas, Esdras e Neemias (incluindo Ed 5.2 em aramaico), assim como Jehoshuah aparece cerca de doze vezes em Ageu e Zacarias. Muitas vezes esses dois nomes se referem à mesma pessoa, o filho de Jozadaque.




"JESUS OU IESHUA"?



            As explicações da Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da SBB sobre o nome “Jesus”, tema que vem despertando dúvidas em vários leitores.

 Pergunta:

 Tem fundamento a afirmativa de que o nome de Jesus é de origem grega e não hebraica?

 Resposta:

Não, não tem. Esse nome transliterado para o grego como Iesous, é hebraico e vem de Ieshua” (as aspas representam a letra hebraica ayin). A forma plena da palavra é Yehoshua”, que, a partir do cativeiro, passou a dar lugar, à forma mais abreviada Ieshua”.

            Até o começo do segundo século d.C. Iesous (Ieshua”) era um nome muito comum entre os judeus. Na Septuaginta, versão do Antigo Testamento que os judeus fizeram entre os anos 285 e 150 a.C., do hebraico para o grego, o nome Iesous aparece para referir-se tanto a Josué (quatro indivíduos) como aos oito Jesua mencionados em Esdras e Neemias.

            Iesous não é nome de nenhum deus da mitologia grega, tanto que não aparece em nenhum clássico grego. Ver, por exemplo, o Dictionaire Grec-Français, de C. Alexandre, que, no apêndice de nomes históricos, mitológicos e geográficos, traz no verbete Iesous apenas o seguinte: “Jesus, nome hebraico”.

 Pergunta:

 Como o nome Yehoshua” se tornou Jesus?

 Resposta:

Já vimos que o vocábulo Jesus não se deriva diretamente de Yehoshua”, mas da forma abreviada Ieshua”, através do grego e do latim. A letra j inicial se explica da seguinte forma: os judeus da Dispersão, empenhados em traduzir as Escrituras do hebraico para o grego (a Septuaginta), não encontraram nessa língua uma consoante correspondente no hebraico. A solução, então, foi recorrer à vogal grega iota, que corresponde ao nosso i. Então escreveram Ieremias, começando com i, e assim por diante, inclusive Iesous.

            Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média, começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre i vogal e i consoante, o qual passou a ser grafado como j. Por isso, o Dicionário Latino-Português, de Santos Saraiva, traz verbetes como estes: Iesus ou Jesus; Ieremias ver Jeremias.

            Agora a explicação para o s médio de Jesus. No vocábulo hebraico Ieshua” o grupo sh representa a consoante shin. Por não haver em grego som correspondente a essa consoante fricativa palatal (que soa como a letra x em “eixo”), os judeus a substituíram por sigma, também fricativa mas linguodental (que em grego, mesmo entre as vogais, soa como nosso ss). O ditongo grego ou soa u.

            O aparecimento do s final do nome Jesus se explica pela necessidade de tornar esse nome declinável: os judeus substituíram a letra ayin final pela letra sigma (o s do grego) do caso nominativo. Nos outros casos a palavra se declina assim: Iesou (genitivo), Iesoi (dativo), Iesoun (acusativo) e Iesou (vocativo). Com isso, foram resolvidos dois problemas de uma só vez: o nome ficou declinável, e o ayin final, que não tem equivalente em grego, foi substituído por um sigma (letra s).

            Fato semelhante se deu com Judas, que reflete a forma grega Ioudas, que em hebraico é Yehudah (Judá). Outros nomes hebraicos que terminam com a gutural “he” tem em grego, em latim e em português o som s: Isaías, Jeremias, Josias e Sofonias. Outro exemplo é o vocábulo Mashiac, que termina com a gutural sonora cheth (ch), a qual em grego, em latim e em português deu lugar ao som de s: Messias.

            A evolução do termo de uma língua para outra é a seguinte: Ieshua” (hebraico) > Iesous (grego) > Jesus (latim) > Jesus (português).

Artigo extraído da revista “A Bíblia no Brasil” edição de julho a dezembro de 1.995 - página 27.

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